sábado, 25 de outubro de 2014

Esse bicho tem sangue azul (literalmente) e muito valioso

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Fonte: Diário de biologia
O límulo (Limulus polyphemus) mais conhecido como caranguejo-ferradura, é um artrópode bastante estranho por diversas razões. Para começar, apesar do nome (caranguejo), esta espécie está filogeneticamente mais próxima das aranhas e escorpiões que dos caranguejos (Crustacea) propriamente ditos. Ele ainda é considerado um  “fóssil vivo”, uma vez que os primeiros límulos surgiram há 400 milhões de anos. Estes animais podem viver vários meses sem se alimentar e também podem regenerar partes do corpo perdidas, seguindo um mecanismo parecido com a regeneração das estrelas-do-mar.
Os cientistas afirmam que o fato de os Límulos terem evoluído tão pouco ao longo desses 400 milhões de anos, é uma das razões que faz deste um animal tão diferente dos demais. O mais interessante a respeito dele, é sem dúvida o sangue. O sangue destas criaturas é AZUL, por causa de uma alta concentração de hemocianina e não a hemoglobina encontrada no nosso sangue. A hemocianina é uma proteína do sangue com pigmento azulado pois em vez de ferro, possui cobre em seu princípio ativo, e ao reagir com o oxigênio, fica azul.
O sangue azul do caranguejo-ferradura já vem sendo estudado (e usado) desde 1964 quando descobriu-se que este componente tinha poderes endotóxicos bacterianos e que poderia ser usado na cura de várias doenças causadas por bactérias. O sangue possui uma substância química encontrada apenas nos amebócitos de suas células que pode detectar até mesmo leves vestígios de bactérias e prendê-las em coágulos de onde não conseguem se livrar. Qualquer solução contaminada por bactérias irá formar coágulos parecidos com gel se entrar em contato com o sangue os limúlos. Se não existe contaminação bacteriana, a coagulação não ocorre. É um teste simples, quase instântaneo conhecido como LAL (Limulus Amebocyte Lysate).
Como objetivo de aproveitar ao máximo o poder de detecção bacteriano do sangue azul dos límulos, as indústrias farmacêuticas fazem a extração do sangue da criatura e alguns procedimentos o deixam ideal para os testes LAL. Para obter o composto LAL, requer-se o sangue de ao menos 500.000 caranguejos ao ano, dos quais são extraídos ao redor de 100 mililitros perfurando o pericárdio de seu primitivo coração. Durante o processo 15% dos caranguejos morrem, os demais são devolvidos à água.
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Um litro de sangue deste caranguejo tem um preço aproximado de 15.000 dólares. 
Foto: Reprodução/wired
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É devido à presença de cobre na hemocianina e não de ferro, que o sangue adquire a peculiar cor azul.
 Foto: Reprodução/wired
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Foto: Reprodução/wired
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Extrato aquoso de amebócitos do caranguejo é utilizado com frequência em testes para 
detectar as endotoxinas bacterianas. Foto: Reprodução/wired
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Foto: Reprodução/dreamstime

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