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quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Ciclistas fazem 'pedalada' em memória às vítimas de incêndio

Ciclistas formaram círculo e fizeram oração (Foto: Márcio Luiz/G1)
Ciclistas formaram círculo e fizeram oração (Foto: Márcio Luiz/G1)
Enquanto tentam retomar a rotina, os moradores de Santa Maria não param de homenagear as vítimas do incêndio na boate Kiss. No final da tarde de terça-feira (29), um grupo de ciclistas promoveu uma pedalada pelas ruas da cidade vestidos de branco.
O ato foi organizado pelo Facebook. O grupo partiu do bairro Camobi e foi recebendo mais pessoas ao longo do trajeto até chegar à Rua dos Andradas, no centro da cidade, onde fica a casa noturna. No local, os ciclistas formaram um círculo e fizeram uma oração.
“Nosso grupo faz essa pedalada periodicamente. Vários componentes apresentaram a proposta dessa homenagem e a maioria aceitou. É uma maneira de lembrá-los”, disse Leonardo Severo da Costa, mestrando na Universidade Federal de Santa Maria e que conhecia alguns dos mortos.
Ainda isolada pela Brigada Militar, a boate Kiss se transformou em uma espécie de memorial improvisado. Flores são deixadas na calçada e cartazes com fotos e frases dos mortos são pendurados na fachada. A qualquer hora do dia, o movimento é grande. São pessoas que vão ali prestar o seu tributo ou curiosos que param para ver o local da tragédia.
Márcio LuizDo G1, em Santa Maria (RS)

Estudante salvou ao menos 14 pessoas antes de morrer em incêndio

 Bruno (à esq.), o pai (centro) e a irmã (dir.) de Vinicius fazem gesto em homenagem ao estudante (Foto: Paulo Toledo Piza/G1)
Bruno (à esq.), o pai (centro) e a irmã (dir.) de Vinicius fazem gesto em homenagem ao estudante (Foto: Paulo Toledo Piza/G1)


   Parentes e amigos do estudante de educação física Vinícius Montardo Rosado, de 26 anos, tentam, com muito esforço, cumprir o que acreditam seja um dos últimos desejos do jovem e não chorar. O brincalhão de quase dois metros, que nunca ficava emburrado, segundo sua família, foi um dos 235 mortos no incêndio na boate Kiss, em Santa MariaRio Grande do Sul. Ele foi um dos primeiros a sair da casa noturna em chamas, mas decidiu voltar e ajudar quem não conseguia escapar. Pelo menos 14 pessoas foram retiradas daquele lugar pelo rapaz, segundo relatos de sobreviventes.
Vinicius faz gesto que era considerado sua marca registrada (Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)
Vinícius faz gesto que era considerado sua marca

registrada (Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)
   O G1 esteve na casa onde o jovem vivia com a família, em Santa Maria, nesta terça-feira (29). Logo na entrada da casa simples, alguns parentes que foram prestar condolências à família estavam sentados em cadeiras de armar. Enquanto conversavam, tomavam chimarrão.No quarto, a auxiliar de escritório Jéssica Montardo Rosado, de 24 anos, irmã de Vinícius, mostrou fotos dele ainda criança que tinham sido publicadas no Facebook. "A gente era muito unido. Sempre dormimos na mesma cama, desde pequenos", disse. Ao abrir o guarda-roupas, ela retirou do canto da prateleira mais alta uma camisa do Internacional. "Aqui está tudo que ele tinha. Essa era a paixão dele", afirmou.
“Se ele e muitos outros jovens não tivessem voltado para ajudar, essa tragédia seria muito maior. Em vez de 234, seriam 400, 500 mortos”, disse o pai de Vinícius, o gerente de eventos Ogier de Vargas Rosado, de 51 anos.
   O estudante estava animado com o futuro. Com formatura marcada para este ano, planejava seguir para São Paulo, onde trabalharia e juntaria um dinheiro para um cruzeiro marítimo. Adepto de esportes que exigem físico desenvolvido, como rúgbi, queria se tornar lutador de MMA. Ele e seu melhor amigo, o empresário Bruno Perin, de 25 anos, criaram quando adolescentes um estilo de vida intitulado “free life style”. “É como um ‘carpe diem’, sobre aproveitar ao máximo a vida. E acho que ele conseguiu isso durante a vida”, lembrou o jovem.
Parentes contam que Vinicius adorava festas, mas cancelava qualquer evento se um amigo precisasse de ajuda. “Era um rapaz muito humilde. Nunca vi ninguém falar que não gostava dele”, disse o pai. “Brincava que ele era como uma baleia: grande, forte e doce.” 
   Foi em uma festa, porém, que a vida do jovem chegou ao fim. Segundo testemunhas, na madrugada de domingo Vinicius saiu da boate e procurou a irmã. Ao ver que Jéssica estava bem, voltou ao prédio em chamas, para resgatar quem não conseguia encontrar a saída.

  Depois de alguns minutos, foi retirado por bombeiros desacordado. Ele morreu na ambulância, a caminho do hospital. No velório coletivo realizado no ginásio esportivo da cidade, pessoas que sobreviveram e que participaram da cerimônia reconheceram Vinicius. “Passavam e diziam: ‘lembro dele. Foi ele quem me salvou’”, afirmou Bruno. Por suas contas, foram 14 os resgatados pelo estudante de educação física. “Santa Maria não pode ser lembrada como uma terra onde aconteceu uma tragédia, mas uma terra de heróis”, completou.

Desenho feito por amigos de Vinicius (Foto: Paulo Toledo Piza/G1)
Desenho feito por amigos de Vinicius

(Foto: Paulo Toledo Piza/G1)
  Inicialmente revoltado com o desprendimento do filho que causou sua morte, Ogier reviu sua opinião após pensar e conversar com a filha. “Ela me disse que, mesmo que eu estivesse lá e tentasse impedi-lo, ele me empurraria e entraria. Era a índole dele. Se ele não tivesse entrado, sei que se arrependeria de ter deixado todas aquelas pessoas morrerem.”



  Emocionado com o exemplo do filho, o gerente de eventos espera que o mundo tenha outros tantos Vinicius. “Se o mundo tivesse esse tipo de solidariedade uma vez a cada seis meses, ele seria um lugar melhor para se viver.”

Paulo Toledo PizaDo G1, em Santa Maria

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Táxi vira 'ambulância' e ajuda no resgate de vítimas de incêndio

Paulo Toledo PizaDo G1 RS, em Santa Maria

O taxista de Pedro Elias Pairé de Oliveira diz que ajudou no transporte das vítimas (Foto: Paulo Toledo Piza/G1)O taxista de Pedro Elias Pairé de Oliveira diz que
ajudou no transporte das vítimas
(Foto: Paulo Toledo Piza/G1)
Um passageiro descia do táxi de Pedro Elias Pairé de Oliveira, de 47 anos, quando os primeiros indícios de que um incêndio atingia a boate Kiss, em Santa Maria, centro do Rio Grande do Sul, puderam ser percebidos. "Ouvi um estrondo e fui lá perto", afirmou. "Só pensei em ajudar."
Era madrugada de domingo. O taxista viu dezenas de jovens saírem da casa noturna cambaleantes. "Pensei que era um fogo controlado. Daí vi o pessoal arrastando outras pessoas para fora."
Enquanto combatiam o fogo, os bombeiros ajudavam a socorrer centenas de vítimas, a maioria jovem. Os casos graves eram encaminhados em ambulâncias para hospitais próximos.
Como muitos seguiam sentados na calçada, tossindo por causa da fumaça inalada, o taxista decidiu ajudar os bombeiros "transformando" seu carro em uma ambulância. "Era questão de vida ou morte", justificou.
Em duas viagens, Pedro levou cinco pessoas para um hospital. Colegas seguiram o exemplo e também disponibilizaram seus táxis. "Eu voltei para tentar ajudar, mas isolaram a rua quando voltei na terceira vez."
O taxista calcula que a ação conjunta salvou ao menos 20 vítimas. Infelizmente, não conseguiu resgatar um amigo de se filho.  "E esse colega dele queria porque queria levar meu moleque na festa. Sorte que ele não quis ir."

Jovem que tentou salvar vítimas de incêndio tem melhora, diz hospital

Janara NicolettiDo G1 SC

Gulherme (à esquerda) ajudou a quebrar a parede, depois foi para o hospital (Foto: Reprodução TV Globo)Guilherme (à esquerda) ajudou a quebrar parede
(Foto: Reprodução TV Globo)
É estável o quadro de saúde de Guilherme Ferreira da Luz, de 25 anos, o jovem que ajudou a derrubar a parede da boate que incendiou, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Segundo a família, que mora em Chapecó, no Oeste de Santa Catarina, no domingo (27) à noite ele precisou ser transferido de Santa Maria para o Hospital das Clínicas, em Porto Alegre (RS), onde está internado no Centro de Terapia Inbtensiva (CTI). "Ele teve queimaduras nas vias aéreas e teve que ser levado de helicóptero", contou o padrinho e tio Gilmar Bernardi. Segundo ele, o boletim médico divulgado por volta das 9h desta segunda-feira (28) indicou que o estudante apresentou melhora no início da manhã. No início da tarde os médicos infromaram que o jovem deve deixar o CTI até a próxima quarta-feira, quando deve ser transferido para uma unidade de saúde em Chapecó.
O estudante do último semestre do curso de zootecnia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) ajudou a derrubar a parede da boate Kiss, a marretadas, para tentar salvar pessoas do incêndio da madrugada deste domingo (27), em Santa Maria (RS). O padrinho conta que o jovem ligou para a família logo após ajudar no desmanche da estrutura. Ele contou o que houve e disse que conseguiu se salvar sem ferimentos e estava bem. Ao longo do dia, Guilherme se comunicou com os familiares. O tio fala que o rapaz começou a se sentir mal pela manhã e, por volta das 15h, fez o último contato com os pais e, em seguida, foi entubado e encaminhado para o Centro de Terapia Intensiva (CTI). Depois, precisou ser removido para a capital do estado gaúcho.
Ele está sendo acompanhado pelos pais e uma irmã que moram em Chapecó, no Oeste de Santa Catarina. Os familiares viajaram para o Rio Grande do Sul logo após saberem do incêndio e, quando chegaram, passaram a acompanhar Guilherme no hospital.