terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Parque Nacional nos EUA tem menor número de lobos desde 1950

Em foto de arquivo de fevereiro de 2012 dois lobos cinzas caminham no Parque Nacional Ilha Royale (Foto: AP Photo/George Desort. File)
Em foto de arquivo de fevereiro de 2012 dois lobos cinzas caminham no Parque Nacional Ilha Royale (Foto: AP Photo/George Desort. File)
Para os visitantes do Parque Nacional Ilha Royale (Michigan, Estados Unidos) nada supera a emoção de um uivo de lobo perfurando uma noite silenciosa ou o vislumbre do animal dormindo em uma trilha na floresta. Mas essas experiências estão se tornando cada vez mais raras e em pouco tempo podem desaparecer para sempre.
A população de lobo cinza caiu muito nos últimos anos na Ilha Royale, um arquipélago rochoso e densamente arborizado no Lago Superior que está entre os parques pouco visitados por causa de sua localização remota – uma viagem de seis horas de balsa de Michigan. Apesar de ter média de apenas 17 mil visitantes por ano – menos do que o Parque Nacional Yellowstone tem em um dia – a Ilha Royale tem seguidores devotos.
Oito lobos permanecem na ilha, segundo última contagem foi feita no inverno passado. É o menor número desde 1950, apesar de se acreditar que um casal de filhotes tenha nascido neste ano. Ao longo dos anos, a média de lobos foi de 23 exemplares. Cientistas acreditam que os fatores responsáveis pela queda tenham sido acasalamento entre espécie, doenças e escassez temporária dos alces que os alimentam.
Intervenção x curso natural

Lobos e alces são tema do estudo mais longo do mundo sobre a relação predador-presa em um ecossistema fechado, que levanta uma pergunta espinhosa aos cientistas: eles devem intervir para preservar os lobos ou deixar a natureza seguir seu curso?

Esse tema está forçando os gestores do parque a fazer uma escolha desconfortável entre sua política tradicional de não intervenção na vida selvagem e assegurando que a Ilha Royale continue a ter lobos.
A situação poderia estabelecer precedentes para outros parques, refúgios e áreas selvagens lidar com as ameaças às espécies emblemáticas na medida em que a mudança climática altera o ambiente. “Isso vai ajudar a definir o que achamos que significa a ‘conservação’ mundial durante uma era de alteração global tremenda”, disse John Vucetich da Universidade Tecnológica de Michigan.
Vucetich e seu colega biólogo Rolf Peterson, que lidera o estudo sobre lobos e alces, pedem aos funcionários do parque que possam levar alguns lobos do continente para a ilha, onde eles poderiam revigorar o conjunto de genes.
Os alces apareceram na Ilha Royale, que consiste em uma grande ilha e centenas de ilhas pequenas, por volta do século 20. Não se sabe se eles nadaram até lá ou se humanos os levaram. Já os lobos chegaram no final da década de 1940, provavelmente ao cruzar uma ponte de gelo desde a costa do Canadá há 24 quilômetros. Com o encolhimento da cobertura de gelo no inverno do Lago Superior, é considerado improvável que outros lobos tenham essa chance.
Número de lobos no Parque nacional Ilha Royales é o menor desde 1950 (Foto: AP Photo/George Desort, File)
Número de lobos na Ilha Royale é o menor desde
1950 (Foto: AP Photo/George Desort, File)
Lobos se tornaram valiosos à saúde da Ilha Royale ao prevenir uma explosão da população de alces que devastaria a vegetação da qual dependem muitos animais, dizem Vucetich e Peterson. Após queda há alguns anos, a população de alces se recuperou com o declínio dos lobos e totalizou cerca de mil exemplares no último censo.
Os líderes do estudo afirmam que chegou o momento de dar mais prioridade aos ecossistemas preservados do que ao princípio de não intervenção. Os humanos já influenciaram quase todas as partes da Terra, disse Vucetich. “De hoje em diante haverá casos crescentes em que a preservação de um ecossistema integral vai requerer assistência humana”.
Mas David Mech da Pesquisa Geológica dos Estados Unidos, que esteve entre os primeiros a observar os lobos da Ilha Royale no final da década de 1950, diz que cientistas também podem aprender ao ver por quanto tempo os lobos sobrevivem acasalando entre eles sem intervenção.
Essa informação seria “inestimável não só para compreender a genética básica e o comportamento dos lobos, mas também para todo o campo de genética de conservação”, afirma em publicação.
A superintendente do Parque, Phyllis Green, considera as opções. “Nós precisamos tomar uma decisão antes que a natureza o faça por nós”, disse. Até agora, oficiais estão céticos de que o resgate de lobos avançaria a missão do parque. A Ilha Royale é uma área federal de vida selvagem. Veados e linces desapareceram no começo do século 20 depois de habitar a ilha por milhares de anos, disse Green.
Do G1

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