quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Onça-pintada (Panthera onca) pode desaparecer da Mata Atlântica.


Em breve, a onça-pintada (Panthera onca) pode desaparecer da Mata Atlântica. O alerta foi feito por um grupo de pesquisadores brasileiros membros do Sistema Nacional de Pesquisa em Biodiversidade (Sisbiota) por meio de uma carta publicada na revista Science. Os cientistas estimam que atualmente existam menos de 250 animais adultos vivos em todo o território abrangente do bioma, distribuídos em oito populações isoladas.

Na carta, o grupo informa que análises moleculares demonstraram que o tamanho da população efetiva local (número de animais que estão de fato se reproduzindo e deixando descendente, um parâmetro crítico para a manutenção da diversidade genética) está abaixo de 50 animais.

Entre as causas do declínio da população das onças estão a perda de habitat, resultante do desmatamento e da fragmentação da mata, e também a caça. Os pesquisadores estimam que atualmente reste apenas entre 7% e 12% da cobertura original da Mata Atlântica. 

"Quando um grande predador desaparece, pode haver explosão nas populações de herbívoros, como veados, catetos e queixadas. Em excesso, esses animais acabam consumindo todo o sub-bosque da floresta e isso implica em perda da capacidade de recomposição e perda de estoque de carbono. Em longo prazo, isso pode levar à quebra da dinâmica da floresta", avaliou Ronaldo Gonçalves Morato, coautor do texto e chefe do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap) do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

O desaparecimento da onça-pintada pode causar ainda aumento desmedido nas populações de predadores intermediários, como jaguatiricas e outros carnívoros. Por sua vez, isso poderá levar a um aumento na predação de ninhos e, potencialmente, à extinção local de diversas aves, importantes dispersoras de sementes, e alterar a estrutura da vegetação. "O predador de topo de cadeia tem um papel de regulação do ecossistema e, quando ele desaparece, um distúrbio é criado. Isso pode causar a extinção de algumas espécies, até que o ecossistema encontre um novo equilíbrio", disse Pedro Manoel Galetti Junior, professor do Departamento de Genética e Evolução (DGE) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e coautor do texto.

Com informações da Agência Fapesp via Biologia na Rede

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