quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Bióloga potiguar recebe prêmio nacional por trabalho ambiental

RECONHECIMENTO
 (Fábio Cortez/DN/Dapress)
Duas décadas guerreando pela preservação do Atol das Rocas. Maurizélia Brito Silva, conhecida como Zélia Brito, afirma ter encontrado a liberdade e a felicidade em um dos pedaços de terra mais naturais do planeta. Filha e neta de funcionários do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Zélia sempre carregou no sangue a paixão e o amor pela natureza, tida como a sua melhor amiga. "Às vezes, lá no atol, me pego a falar com as aves, com os peixes, com tubarões e golfinhos. A criação me responde com sons perfeitos, que me enchem de alegria", compartilha.

Hoje, aos 45 anos, Zélia Brito comemora 15 anos como chefe da unidade de preservação ambiental do Atol das Rocas e afirma ter perdido a sua liberdade desde que pisou no Atol das Rocas pela primeira vez em 1981. Jovem e sem saber o que queria fazer em sua vida, Zélia sentiu, no momento em que chegou à ilhota, que sua relação de amor havia acabado de começar. Aos 19 anos, Zélia entrou naequipe de preservação ambiental do Atol e era coordenada pelo seu próprio pai que era superintendente no Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal.

"Fiz sociologia e biologia duas vezes. Aliás, eu tentei terminar os cursos e não conseguia porque sempre reprovava por faltas. A paixão pelo atol me prendeu a ele, sou escrava das belezas naturais e da harmonia que eu só consegui encontrar por lá", realça. Segundo Zélia, a sua maior e melhor faculdade é o Atol das Rocas. "Onde eu poderia aprender e ter mais conhecimento senão junto de pesquisadores dos mais variados segmentos da biologia?", questiona.

Trabalho reconhecido nacionalmente

A potiguar Zélia Brito, chefe da reserva Biológica do Atol das Rocas foi selecionada pela Revista Trip para receber o prêmio Transformadores 2011. Zélia foi escolhida por seu trabalho de 15 anos de preservação e fiscalização deste Atol que é o único do Oceano Atlântico Sul e que detém os títulos de área de proteção ambiental, de reserva biológica marinha e de patrimônio natural da humanidade, reconhecido pela Unesco.

Na edição deste ano, foram escolhidas 14 pessoas de todo o Brasil, como o pesquisador Miguel Nicolelis e o casal de ambientalistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo que já fazia parte da lista de finalistas do prêmio quando foram assassinados
em março deste ano.

O Prêmio Trip Transformadores foi criado em 2007 para homenagear pessoas que pensam no coletivo e que fazem a diferença por acreditarem e agirem em prol de uma mudança para melhor em diferentes áreas. Na pequena ilha, Zélia desdobra-se, com voluntários, para fazer cumprir a proibição de pesca, disciplina que tem sido recompensada: às vezes passam-se meses sem que seja preciso furar as altas ondas a bordo do pequeno bote a motor disponível para afugentar algum barco pesqueiro.

Aos 40 dias de ilha sucedem outros 40 em Natal. Hora de costurar, em terra, os relacionamentos que garantem a continuidade dessa preservação. Conhecida de longa data de boa parte dos pescadores, Zélia procura ter sempre gente de confiança em todas as rodas. Ela sabe que, se uma crise apertar, um pescador pode ficar tentado a jogar suas redes no atol. Através dos amigos, Zélia pode saber com antecedência do perigo e alertar a guarda costeira.
Fonte: Diário de Natal

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